A eliminação do judoca Rafael Macedo na luta pelo bronze da categoria até 90kg, em Paris, gerou dúvida e insatisfação nesta quarta-feira (31). Durante o confronto diante do francês Maxime-Gael Ngayap Hambou, uma punição "indeterminada" levou à desqualificação do brasileiro, que ficou fora do pódio.
A luta, que progredia sem nenhum ponto marcado por ambos os atletas, mas com dois shidôs - penalidade no judô - já contabilizados para cada lado, foi marcada por um encerramento dramático. Macedo, buscando a vantagem, executou uma técnica agressiva, visando imobilizar o francês e potencialmente encerrar o embate a seu favor.
O movimento, no entanto, resultou em um terceiro shidô para o brasileiro, que teve o seu golpe considerado ilegal. Nas circunstâncias observadas pela arbitragem, a "guilhotina" com as pernas aplicada por Macedo gerou a punição, pois o braço do adversário francês não estava adequadamente posicionado para que o movimento fosse permitido.
Na página 46 do apêndice D das regras de arbitragem da Federação Internacional de Judô (FIJ), o item 27 do artigo 18.1.2 explica que: "usar as pernas para ajudar a pegada ao redor da cabeça do oponente sem nenhum braço do oponente é matê e shidô."
A decisão dos árbitros gerou revolta imediata da comissão brasileira presente na Arena do Campo de Marte, já que a punição aplicada foi descrita como "indeterminada" no site oficial das Olimpíadas. Foi somente após uma revisão mais detalhada e diálogo entre a comissão técnica brasileira e os juízes que a especificidade do erro foi esclarecida.
Em declarações à Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Theotonio lamentou o ocorrido, destacando a complexidade e a tensão do momento.
“Realmente ficou confuso, não entendemos a punição. Inicialmente entendemos que ele tinha dado punição por pegar dentro do quimono. Não foi isso, não ficou claro. Quando fomos até a mesa, conversar com os responsáveis pela arbitragem, essa posição, quando você pressiona só a cabeça, é realmente considerado matê e shido. Seria esse último ponto que o Rafael sofreu. O duro é que tem um guia que mostra uma situação um pouco diferente. Mas ali eles abriram um outro guia, com uma regra mais atualizada, e mostra que é shido. É uma pena, lamentável. Era evidente que o Rafael estava superior na luta. É bastante discutível, mas ele vai manter o foco na disputa por equipes”, disse Marcelo Theotonio.