Tiffany celebra representatividade com título do Osasco: “Mulher trans campeã da Superliga”

A oposta Tiffany Abreu foi um dos grandes destaques da campanha vitoriosa do Osasco na Superliga Feminina de Vôlei 2024/25. Após a conquista do título, com vitória sobre o Sesi-Bauru nesta quinta-feira (1), a jogadora comemorou não apenas o desempenho em quadra, mas o significado de sua presença e o protagonismo no cenário esportivo: “Tem mulher trans campeã da Superliga” 

Esta foi a terceira conquista de Tiffany na temporada, somando-se ao título do Campeonato Paulista e da Copa Brasil de Vôlei – ambos também diante do Sesi-Bauru. 

Apesar do sucesso esportivo, a atleta convive com ataques transfóbicos nas redes sociais, realidade que a levou a se afastar temporariamente das plataformas digitais durante os playoffs. 

Tiffany também destacou a importância de ser uma referência para a comunidade trans, especialmente entre os mais jovens. “Muitas crianças e adolescentes se inspiram em mim e acreditam que podem, sim, voltar a brilhar e ter um lugar ao sol. Pessoas trans saem da escola muito cedo por transfobia, não tem espaço no mercado de trabalho, não tem visibilidade”, afirmou. “Vou ficar mais feliz quando houver outras pessoas trans no esporte, representando também”. 

A trajetória da atleta ganha ainda mais peso diante da realidade enfrentada por pessoas trans no Brasil, país que, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), lidera o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans e travestis pelo 16º ano consecutivo. 

Sem recuar diante das críticas, Tiffany se mostrou orgulhosa de sua evolução e de sua força mental e dos momentos decisivos da temporada. “Fui tachada de jogadora ‘fiona’, de jogadora que não rodava a bola no final, que não decidia. Hoje tenho orgulho de dizer que sou uma mulher trans que não afina, não afinei para ser mulher trans que sou, não vou afinar para ser uma grande jogadora”, declarou. 

Com a vitória, Tiffany consolida seu nome entre os grandes do vôlei nacional e se firma como símbolo de resistência e representatividade no esporte brasileiro.