Pressão, nervosismo e quedas: o histórico dos brasileiros na semi do Mundial
Semifinal da competição da Fifa sempre é um duro desafio para os times do Brasil; Flamengo encara Al Hilal nesta terça (7)

SBT Sports
Se existe um jogo difícil e nervoso para os times do Brasil, este é a semifinal do Mundial de Clubes da Fifa. A mistura de pressão e ansiedade, algumas vezes, resultou em quedas para representantes brasileiros na competição. Nesta terça-feira (7), o Flamengo encara novamente o desafio de buscar uma vaga na finalíssima do Mundial. O adversário dos comandados de Vítor Pereira é o Al Hilal, da Arábia Saudita.
Antes de a bola rolar, o SBT Sports relembra o histórico de times do Brasil na semifinal do Mundial de Clubes. Os representantes do país têm mais classificações do que eliminações, mas a partida que costuma anteceder o histórico embate diante de um europeu usualmente é repleta de nervosismo e pressão.
Bom dia, Nação!
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Deram o passo adiante
São Paulo - 2005
A primeira edição com o atual formato do torneio foi disputada em 2005, e o São Paulo era o representante do Brasil no Mundial. O então time comandado por Paulo Autuori encarou o Al Ittihad na semifinal, e o confronto foi de tirar o fôlego. O Tricolor Paulista venceu os sauditas por 3 a 2, com gols de Amoroso (2x) e Rogério Ceni, mas o enredo da animada partida no estádio Nacional de Tóquio permanece até hoje na memória são-paulina, também pelas inúmeras chances do time árabe ao longo do duelo.
O lateral-direito Cicinho, que deu uma das assistências da partida, relembra a dificuldade de enfrentar a semifinal da competição: "É um nervosismo, esse é o maior adversário, principalmente dos brasileiros. A gente chega com essa pressão de ganhar, pouco se conhece do adversário, e aí você enfrenta uma surpresa e fica bastante nervoso. Em 2005, com Al Ittihad, o São Paulo fez 3 a 1 e depois tomou um gol, e acabou no final sendo um sufoco".
Internacional - 2006
No ano seguinte, quem desbravou o planeta até o Japão foi o Internacional. Os então comandados de Abel Braga encararam o Al Ahly na semi. Em fase espetacular nos primeiros passos no futebol, Alexandre Pato deixou os colorados à frente logo no início, mas o angolano Flávio empatou o duro confronto na segunda etapa. O empate persistiu boa parte do segundo tempo até que, em cobrança de escanteio, o também jovem Luiz Adriano apenas raspou de cabeça para colocar o time gaúcho na final, embora os egípcios ainda tenham levado perigo até o fim da partida.
Corinthians - 2012
O Al Ahly esteve no caminho de outro time do Brasil seis anos depois. Em 2012, o Corinthians de Tite foi para a Ásia em busca do título. Com presença em peso da torcida alvinegra, o estádio Toyota parecia o Pacaembu no duelo entre brasileiros e egípcios. A partida foi marcada principalmente por um notável equilíbrio, com os dois times tendo oportunidades de gol. Coube a Paolo Guerrero, de cabeça, marcar o único tento do jogo.
O atacante Emerson Sheik se recorda da dificuldade daquele confronto: "Muito difícil. Durante o primeiro tempo, inclusive, olhávamos e: 'meu Deus, vai dar ruim'. Depois organizamos. O nosso jogo não estava acontecendo naquele dia, porque eles conseguiram neutralizar o Corinthians. Os atletas precisaram conversar um pouquinho, recuar, ter uma leitura do jogo".
Gremio - 2017
Comandado pelo ídolo Renato Gaúcho, o Grêmio de 2017 precisou ir até a prorrogação para passar pela semifinal do torneio. O mexicano Pachuca ofereceu uma partida bastante difícil no estádio Hazza bin Zayed, em Al Ain, nos Emirados Árabes. Ramiro, Luan, Fernandinho e Lucas Barrios fizeram de tudo para abrir o placar ao longo dos 90 minutos. No entanto, quem garantiu a vitória do Imortal Tricolor foi o então reserva Everton Cebolinha, no início da prorrogação. A passagem do clube gaúcho para a final foi a única de um time brasileiro em 120 minutos.
Flamengo - 2019
Dois anos depois, o Flamengo precisou suar a camisa para superar o Al Hilal, que colocou os cariocas contra a parede em Doha, no Catar. A equipe de Jorge Jesus foi supreendida logo no início do confronto, quando o meia Salem Al-Dawsari deixou os sauditas à frente no placar, resultado que persistiu até o fim da primeira etapa. No segundo tempo, Arrascaeta conseguiu empatar o confronto logo no início. Cada giro do ponteiro deixava os torcedores rubro-negros mais apreensivos. Na reta final, um cruzamento certeiro de Rafinha encontrou a cabeça do Bruno Henrique, confirmando a virada. Ainda houve tempo para o terceiro, em gol contra de um zagueiro adversário, que confirmou a difícil classificação do Fla.

As quedas
Internacional - 2010
Em 2010, o Internacional bem que sonhou enfrentar a Internazionale na decisão do Mundial, mas houve uma pedra no caminho chamada Mazembe, do Congo. O duelo teve o natural nervosismo das semifinais da competição, principalmente pela insistente bola que não entrava pelo lado colorado. Quem conseguiu balançar a rede, porém, foi Kabangu. Minutos depois, Kaluyituka acertou outro chute venenoso e mandou o time de Celso Roth para casa.

Atlético-MG - 2013
A edição de 2013 do torneio foi disputada no Marrocos, país árabe com tradição de massa no futebol. A paixão marroquina pelo esporte mais popular do planeta foi a chave para uma participação marcante do Raja Casablanca, principal time de Marrocos. Azar do Atlético-MG. O time de Cuca foi derrotado por 3 a 1 pelo Raja, em partida cheia de alternativas, mas com domínio da equipe da casa. O gol do Galo foi anotado em cobrança de falta de Ronaldinho Gaúcho, que exibiu ali uma das últimas atuações marcantes na carreira. O craque foi reverenciado pelos marroquinos ao fim do jogo.

Palmeiras - 2020
O Mundial de 2020 - disputado no ano seguinte - foi um atropelo para o Palmeiras, que, campeão da Libertadores em 30 de janeiro, teve que entrar em campo pela semifinal no dia 7 de fevereiro. A mínima preparação parece ter pesado para os comandados de Abel Ferreira, que pouco conseguiram incomodar o forte Tigres, do México. Os mexicanos rondaram a área do Alviverde a maior parte do jogo, até que o zagueiro Luan cometeu um pênalti. O francês Gignac anotou o gol que eliminou o time paulista na semi do torneio.
As exceções: Santos (2011) e Palmeiras (2021)
Santos - 2011
O Santos foi o primeiro time brasileiro a se classificar com tranquilidade pela semifinal da competição. Em 2011, embalado por uma fase espetacular de Neymar, o Peixe bateu o anfitrião Kashiwa Reysol por 3 a 1, com tentos do próprio camisa 11, de Borges e do lateral-direito Danilo. Entretanto, a tranquilidade da partida diante dos japoneses se inverteu completamente na final, quando o Alvinegro Praiano se deparou com o Barcelona de Guardiola.
Palmeiras - 2021
Depois da queda para o Tigres no anterior, o Palmeiras se preparou minuciosamente para a semifinal do Mundial de Clubes de 2021, sobretudo pelo trabalho irretocável do técnico Abel Ferreira. Em campo, o Alviverde reencontrou o Al Ahly - os egípcios venceram, nos pênaltis, os palestrinos na disputa pelo terceiro lugar de Mundial de 2020. Com a faca nos dentes, o Palmeiras não deu chances ao gigante da África: Raphael Veiga e Dudu anotaram os gols de uma segura vitória por 2 a 0 do Palmeiras, que conseguiu dar o passo adiante no sonho do Mundial.