"Deveria ter desistido muito antes de Tóquio", desabafa Simone Biles

A ginasta americana Simone Biles voltou a comentar sobre as Olimpíadas de Tóquio e afirmou que deveria ter desistido de participar do evento. Considerada a principal estrela da edição, ela desistiu de cinco finais olímpicas para cuidar da sua saúde mental.

Em entrevista à revista "New York", a multicampeã olímpica fala sobre o desgaste mental por conta da investigação dos abusos sexuais cometidos por Larry Nassar, ex-médico da seleção americana de ginástica. Recentemente, Simone testemunhou novamente sobre o caso após falhas do FBI.

"Se você olhar para tudo que eu passei nos últimos sete anos, eu nunca deveria ter feito parte de outro time olímpico. Eu deveria ter desistido muito antes de Tóquio, quando Larry Nassar estava na mídia por dois anos. Foi muito. Mas eu não ia deixá-lo tirar de mim algo pelo qual eu trabalhei desde os meus seis anos de idade. Eu não iria deixá-lo tirar de mim toda aquela alegria. Então, eu empurrei o passado para trás o máximo que minha mente e meu corpo deixaram", disse Simone.

A americana afirma que suas crises pioraram quando chegou em Tóquio, também por conta da pandemia. "Por conta disso, eu fiquei mais e mais nervosa. Eu não me senti tão confiante quanto deveria depois de ter treinado tanto quanto treinei. Isso é algo que eu devo trabalhar pelos próximos 20 anos. Não importa o quanto eu tente esquecer. É um trabalho em andamento", afirmou.

Outro ponto apresentado por Simone durante a entrevista foi a questão racial. "Como uma mulher preta, nós temos que ser as melhores. Porque, mesmo quando você quebra recordes ou algo do tipo, as pessoas tentam menosprezar, como se fosse algo normal", contou.

Vale lembrar que Nassar foi condenado em fevereiro de 2018. A nova audiência realizada no último dia 15 aconteceu após o inspetor geral do Departamento de Justiça enviar um relatório apontando equívocos na investigação do FBI.