Artilheiro do Flamengo em 2024, Pedro está de volta aos gramados. Depois de sofrer uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo em setembro durante treinamento da Seleção Brasileira, o camisa 9 passou por cirurgia e agora vive os últimos momentos da recuperação antes da estreia na temporada, que vai ocorrer nesta quarta-feira (9), no Maracanã, diante do Central Córdoba-ARG, pela Copa Libertadores.
Ainda que já esteja treinando com o grupo e liberado para voltar a atuar, a reabilitação de uma lesão de LCA envolve muitas fases. Inicialmente, o atacante fez o controle da dor e inchaço para depois começar a recuperação da amplitude de movimento. Em seguida, foi realizado o fortalecimento muscular e uma reintrodução gradual às atividades dinâmicas e treinos em campo. Agora, o departamento médico rubro-negro prega cautela para evitar eventuais contratempos, como lesões musculares, muito comuns no retorno de atletas que ficaram muito tempo inativos.
“Atletas enfrentam diversos obstáculos, como dor, inchaço, limitação na amplitude de movimento, inibição e fraqueza muscular, vulnerabilidade no local doador do enxerto, período de inatividade, falta de confiança e receio de uma nova lesão. Um estudo relevante publicado no British Journal of Sports Medicine (Jornal Britânico de Medicina Esportiva identificou fatores de risco para lesões nos músculos posteriores da coxa, revelando que atletas submetidos à reconstrução do LCA possuem 70% mais probabilidade de sofrer lesões nos isquiossurais em comparação àqueles que não passaram pela cirurgia, independentemente do tipo de enxerto ou do membro operado“, afirma Gustavo Filoco de Rezende, fisioterapeuta esportivo associada à Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e Atividade Física (Sonafe).
A tendência é que Pedro ganhe minutos graduais nos próximos jogos da equipe de Filipe Luís. Caso já entre em campo nesta quarta-feira, ele voltará a jogar seis meses e 27 dias depois da cirurgia, antecipando em quase um mês a previsão inicial, que apontava retorno em maio.
“Mesmo com a recuperação rápida, sabemos que há uma alta exigência física nos treinos e competições. Por isso, é necessário que o jogador exercite movimentos específicos de sua posição, além de uma adaptação maior da demanda imposta sobre seu retorno, o qual deve ser feito de maneira gradual, de forma que não se coloque pressão demais no corpo do atleta, que ainda está em recuperação“, explica o fisioterapeuta.
Dentre as principais preocupações no retorno está o calendário do futebol brasileiro. Somente nos três primeiros meses do ano, o Flamengo enfrentou mais que o dobro de lesões de 2024: foram 10 em 2025, contra 4 na última temporada.
“Um calendário apertado de jogos pode fazer com que, em alguns casos, ocorra uma aceleração no processo de reabilitação do atleta, pulando ou cumprindo parcialmente as etapas. Quando isso acontece, há o risco de o jogador ter uma nova lesão. Além disso, o excesso de jogos, treinos e viagens, por si só, sem tempo necessário para recuperação e fortalecimento muscular, é um fator que pode aumentar a ocorrência de lesões “, analisa Flávia Magalhães médica do esporte com 20 anos de atuação no futebol e pós-graduada em Fisioterapia Traumato-ortopédica.
Vale lembrar que Pedro já havia rompido o LCA, mas na perna direita, em 2018. Na ocasião, ele optou pelo tratamento cirúrgico, o mesmo utilizado agora, e demorou exatamente os mesmos seis meses e 27 dias para voltar a atuar oficialmente.
