Com R$ 120 milhões em dívidas, Corinthians tenta renegociar e descarta empréstimo
Timão já está impedido de registrar reforços por conta do caso Santos Laguna e pode sofrer nova punição

O Corinthians vive uma crise financeira cada vez mais delicada. Atualmente, o clube acumula aproximadamente R$ 120 milhões em dívidas relacionadas a contratações de jogadores. Parte desses processos já resultou — ou ainda pode resultar — em punições da Fifa. Sem dinheiro em caixa para arcar com os pagamentos à vista, como determinam as sentenças, a diretoria tenta negociar acordos de parcelamento.
A situação mais grave envolve o Santos Laguna, do México, credor de cerca de R$ 40 milhões pela compra do zagueiro equatoriano Félix Torres. Sem acordo até o momento, o clube mexicano obteve na Fifa a imposição de um transfer ban em 12 de agosto, que impede o Corinthians de registrar novos atletas.
Mesmo com a janela de transferências já encerrada, a diretoria priorizou outras despesas e não resolveu a pendência. A decisão gera dois problemas imediatos: os juros, de 18% ao ano (1,5% ao mês), seguem acumulando, elevando a dívida para aproximadamente R$ 41 milhões, segundo cálculos internos; e novas condenações ampliam o risco de mais punições esportivas.
A mais recente sentença veio do CAS (Corte Arbitral do Esporte), que confirmou decisão da Fifa e determinou o pagamento de R$ 41,3 milhões ao meia Matías Rojas, cujo contrato foi rescindido após atrasos salariais. Caso não haja acordo em até 45 dias, o Corinthians sofrerá um segundo transfer ban, já que não dispõe de recursos imediatos para arcar, em conjunto, com os R$ 82 milhões referentes a Rojas e ao Santos Laguna.
Corinthians descarta empréstimos
Apesar da gravidade, a Diretoria Financeira afirma não planejar empréstimos, sob a justificativa de que as taxas de juros no mercado seriam ainda mais altas que as aplicadas pela Fifa. A expectativa é contar apenas com receitas de maior porte no fim do ano.
Outras condenações também são consideradas praticamente certas. Um exemplo é o caso do Talleres, da Argentina, que cobra US$ 4,334 milhões (R$ 23,35 milhões) pela compra do meia Rodrigo Garro. O presidente Osmar Stabile admitiu que os argentinos se recusaram a negociar.
Atualmente, os cinco casos em tramitação na Fifa somam os seguintes valores:
R$ 40 milhões ao Santos Laguna (México), pela contratação de Félix Torres
R$ 41,3 milhões a Matías Rojas, pela rescisão contratual
US$ 4,334 milhões (R$ 23,35 milhões) ao Talleres (Argentina), pela compra de Rodrigo Garro
€ 1,075 milhão (R$ 6,76 milhões) ao Shakhtar Donetsk (Ucrânia), pelo empréstimo de Maycon
US$ 1,5 milhão (R$ 8 milhões) ao Philadelphia Union (EUA), pela contratação de José Martínez
Com dívidas crescentes, juros elevados e a variação cambial pressionando os valores, o clube já admite que precisará se planejar não apenas para 2025, mas também para 2026, a fim de evitar que o efeito “bola de neve” comprometa de forma irreversível o departamento de futebol.