O austro-húngaro Béla Guttmann foi um histórico técnico do futebol mundial no séc XX. O treinador foi importante principalmente para o Benfica, clube que conquistou duas edições da Liga dos Campeões sob a batuta do comandante. No entanto, foi de Béla Guttmann também a profecia que assola a equipe de Lisboa desde 1962.
Maldição, praga ou profecia, entende-se como queira, Béla Guttmann deixou no destino do Benfica uma pedra que ainda não foi superada. Pelo contrário. A história começou em 1962, mas é preciso entendê-la por completo antes de chegar ao final.
Um resumo da vida de Béla Guttmann e a passagem pelo Brasil
Nascido ainda no Império Austro-Húngaro, Béla Guttmann teve carreira destacada no futebol principalmente como técnico, depois de ter sido um jogador de pouca fama. Entre outros características, como a pouca facilidade para se relacionar, o comandante ficou famoso também por não permanecer por mais de três anos nos clubes, algo que José Mourinho faz nos anos mais recentes.

O técnico trabalhou inclusive no Brasil, levando o São Paulo ao título do Campeonato Paulista de 1957. Guttmann teria deixado ali os ensinamentos sobre o 4-2-4 a Vicente Feola, auxiliar do Tricolor Paulista, que um ano depois seria o comandante do Brasil na conquista da Copa do Mundo de 1958, utilizando o mesmo sistema tático. Após o futebol brasileiro, o treinador foi a Portugal.
Em Portugal
A primeira equipe treinada pelo técnico no país foi o Porto. Os Dragões foram campeões do Campeonato Português de 1958/59 sob o comando do treinador. Mas a história de Guttmann com o time da cidade do Porto, pelo menos até ali, durou apenas um ano. O Benfica seria o próximo destino.
Nos Encarnados, o austro-húngaro enfileirou uma sequência de troféus. O treinador foi campeão do Campeonato Português (1959/60 e 1960/61) e da Taça de Portugal (1961/62), além, claro, da Liga dos Campeões - essa parte merece destaque.
As conquistas da Liga dos Campeões e a maldição
Então vencida somente pelo Real Madrid, campeão das cinco primeiras edições, a Liga dos Campeões mudou o tamanho do Benfica na Europa. Foi no torneio continental de clubes do continente europeu que a equipe lisboeta ficou famosa pela geração de Eusébio e Mário Coluna, comandada por nada mais nada menos que Béla Guttmann.
O Benfica conquistou as edições de 1960/61 e 1961/62 da Liga dos Campeões. Os Encarnados bateram o Barcelona por 3 a 2, na primeira decisão, na Suíça, e, na temporada seguinte, venceram o Real Madrid por 5 a 3, com autoridade, na Holanda. O time português era naquele momento o principal clube da Europa.

Após a segunda conquista, Béla Guttmann, julgando-se merecedor, pediu um aumento salarial aos dirigentes da equipe. A diretoria da equipe de Lisboa não aceitou a solicitação do comandante. O técnico não digeriu muito bem a recusa dos dirigentes do clube e, a partir daquele momento, iniciou um período de turbulência no trabalho, que seria encerrado tempos depois.
Na despedida do Benfica, Béla Guttmann fez a dura profecia aos Encarnados: "Sem mim, nem em cem anos o Benfica vai conquistar outra taça europeia". O treinador partiu dali para trababalhar em outros clubes, seguindo o destino de ser um andarilho da bola. Guttmann ainda teria mais uma passagem pela equipe lisboeta, mas nada seria como antes.
A maldição em ação
O fato é que em quase 60 anos o Benfica nunca mais foi campeão europeu. O clube perdeu a Liga dos Campeões em cinco oportunidades (1962/63, 1964/65, 1967/68, 1987/88 e 1989/90) e foi vice da antiga Copa da Uefa e/ou da Europa League por três vezes: 1982/83, 2012/13 e 2013/14.
As duas últimas vezes que o time português bateu na trave das conquistas europeias foi sob o comando de Jorge Jesus, que nesta terça-feira (24) estará à frente do Benfica na busca pela vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões, diante do PSV, em Eindhoven. O início de uma nova tentativa de quebra da "maldição" de Béla Guttmann será transmitido pelo SBT a partir das 15h45.